Uma investigação conduzida pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) apontou suspeitas de fraudes em licitações e possíveis desvios de recursos públicos envolvendo mais de 100 prefeituras e câmaras municipais em Mato Grosso. Entre os municípios com contratos sob suspeita estão Vila Rica, Confresa, Santa Terezinha, Porto Alegre do Norte e outros da região do Araguaia.
A investigação, denominada Operação Gomorra, foi deflagrada na quarta-feira (7) e resultou na prisão de seis pessoas suspeitas de participação em esquemas fraudulentos. A suspeita é de que essas pessoas estejam ligadas a contratos com valores irregulares em diversas cidades. Em Vila Rica, por exemplo, os contratos investigados somam R$ 7,8 milhões.
Em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá, os suspeitos teriam utilizado ‘cartões coringa’ para possíveis desvios de combustível e prática de sobrepreço — com cobranças de valores considerados abusivos. Além disso, os responsáveis pelos contratos sob investigação seriam proprietários de quatro empresas pertencentes ao mesmo núcleo familiar, o que indicaria um possível envolvimento estruturado entre essas firmas.
A análise dos processos licitatórios em Barão de Melgaço e outros municípios revelou indícios de que algumas empresas participantes pertenciam a sócios da mesma família do proprietário da empresa principal e, em certos casos, sequer estavam em operação. Segundo o Naco, um dos sócios ocultos dessas empresas seria Edézio Corrêa, já denunciado anteriormente pelo Ministério Público de Mato Grosso na Operação Sodoma, por suspeita de participação em esquemas de propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa.
A investigação abrange 20 municípios da região do Araguaia que possuem contratos sob suspeita, incluindo:
Prefeitura Municipal de Água Boa: R$ 16,6 milhões
Prefeitura Municipal de Barra do Garças: R$ 13,1 milhões
Prefeitura Municipal de Novo São Joaquim: R$ 10 milhões
Prefeitura Municipal de Campinápolis: R$ 9 milhões
Prefeitura Municipal de Vila Rica: R$ 7,8 milhões
Prefeitura Municipal de Confresa: R$ 6,2 milhões
Prefeitura Municipal de Querência: R$ 5,9 milhões
Prefeitura Municipal de Ribeirão Cascalheira: R$ 5,2 milhões
Prefeitura Municipal de Nova Xavantina: R$ 4,3 milhões
Prefeitura Municipal de Alto Boa Vista: R$ 4 milhões
Prefeitura Municipal de Luciara: R$ 3,7 milhões
Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Araguaia: R$ 3,6 milhões
Prefeitura Municipal de Serra Nova Dourada: R$ 3,4 milhões
Prefeitura Municipal de Novo Santo Antônio: R$ 3,1 milhões
Prefeitura Municipal de Pontal do Araguaia: R$ 2,5 milhões
Prefeitura Municipal de Santa Terezinha: R$ 2,4 milhões
Prefeitura Municipal de Porto Alegre do Norte: R$ 1,1 milhões
Prefeitura Municipal de Araguainha: R$ 1 milhão
Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Xingu: R$ 846 mil
Prefeitura Municipal de Canabrava do Norte: R$ 831 mil
A análise dos contratos, segundo o Naco, revelou discrepâncias de valores significativas em contratações semelhantes, com aumentos que ultrapassam R$ 9 milhões entre os anos de 2021 e 2022, sugerindo um esquema estruturado para o desvio de recursos públicos.